Bertrand Russel diz em seu Livro
‘Porque não sou Cristão’: ‘Posso dizer que quando era jovem e debatia muito
seriamente em meu espirito tais questões, eu, durante longo tempo, aceitei o
argumento da Causa Primária, até que certo dia, aos dezoito anos de idade, li a
Autobiografia de John Stuart Mill, lá encontrando a seguinte sentença: ‘Meu Pai
ensinou-me que a pergunta ‘Quem me fez?’ não pode ser respondida, já que sugere
imediatamente a pergunta ‘Quem fez Deus?’, essa simples sentença me mostrou
como ainda hoje penso, a falácia do argumento da Causa Primária.
Se tudo tem de ter uma causa,
então Deus deve ter uma causa. Se pode haver alguma causa sem uma causa, pode
muito bem ser tanto o mundo como Deus, de modo que não pode haver validade em
tal argumento.’
Primeiramente, o equivoco de
Bertrand se baseia de que uma Causa Primária é incontestável, porém tal ponto
não oferece qualquer validade sobre a existência de qualquer Deus. O que de
fato, deixará muito teísta chateado e curioso ao mesmo tempo para ver aonde
chegarei com este argumento.
William Lane Craig, assim como
muitos teístas e apologistas, hoje possuem uma visão muito diferente sobre
Deus, por exemplo, Craig afirmou que deus não é infinito em tamanho mas
infinito em poder.
Porém, a iência está em caminho
de uma resposta ainda mais intrigante sobre a existência de Deus, da qual a
Causa Primária pode não ter nada a ver com Deus. Palavras como do ‘nada’ algo
veio a existir, hoje está sendo substituída por ‘ainda não podemos explicar o
que o que consideramos o nada seria’, em outras palavras, a palavra ‘nada’ é
uma expressão para conotar que ‘não sabemos o que tem ali’.
Segundo a Teoria Do Big Bang, nada
pode vir do ‘nada’, tanto que o Big Bang não surgiu do nada, hoje a ciência
tenta explicar o processo que levou até que o Big Bang ocorresse. Nesta
explicação, Deus como mencionado pelos teístas não é necessário.
Para compreendermos melhor este
argumento da Estrutura contra Deus, vamos analisar alguns pontos importante.
1.
Se dissermos que Deus é infinito em tamanho.
Se dissermos que Deus é infinito
em tamanho, isso constitui que o universo ao qual estamos faz parte de deus,
porém tal ideia está em contraste com a qual os teísta tanto alegam,
principalmente que deus é algo como uma ‘pessoa’, sentado em um trono,
esperando para levar seus filhos para casa, o que demonstra que o que os
teístas dizem sobre Deus, demonstra que Deus não pode ser infinito em tamanho.
Porém, essa é a parte importante.
Vamos analisar as implicações do que dissemos acima:
a)
Se Deus não é infinito em tamanho, então algo
deve ser infinito em tamanho. Se não é Deus, então temos uma estrutura infinita
em tamanho.
b)
Se deus não é infinito em tamanho, o mesmo não
pode ser onisciente, onipresente e nem onipotente.
Acredito que está parte é bem
fácil de explicar. Se uma determinada estrutura é infinita em espaço, então ela
continuará para o infinito e muito além, já que é algo eterno e sem fim.
Isso implica que quando dissemos
que Deus sabe de todas as coisas, estamos cometendo um erro. Se Deus sabe todas
as coisas, significa que está estrutura tem um fim, porém, é impossível fazer
tal afirmação, já que a mesma levaria a existência de outra estrutura que seja
infinita onde a estrutura anterior seja finita. De qualquer forma, não é
possível afirmar que Deus é um ser que sabe todas as coisas, pois todas as
coisas são números que jamais possuem fim, são infinitas, impossíveis de ser
contado. Quando pensar que conseguiu ir longe, imagine um número 100 vezes
maior, quando conseguir imaginar este número, continuar a multiplicar e
multiplicar e perceberá que, não importa o quanto multiplique jamais chegará a
um fim.
Afirmar que Deus sabe todas as
coisas, está em oposição a uma estrutura infinita, o que não passa de um engano
teísta, o correto seria melhor afirmar que Deus sabe todas as coisas em nosso
universo, porém não sabe todas as coisas sobre está estrutura infinita.
Como consequência Deus não seria
onipresente , não estando em todos os lugares, já que aqui temos algumas
implicações:
Ø
Se Deus estiver em todos os lugares, então deus
e a estrutura são a mesma coisa, porém, conforme aquilo que os teístas dizem,
deus não pode ser uma estrutura, pois uma estrutura não possuí um propósito, e
Deus possuí um propósito ao fazer qualquer coisa. E chegaríamos a conclusão de
que Deus e a Estrutura não são compatíveis.
Ø
Se Deus não pode estar em todos os lugares, o
mesmo não é onipresente. Ele pode estar em muitos lugares, mas não pode estar
em um infinidade de lugares.
Como consequência também, Deus não
pode ser onipotente, já que um ser que não pode estar em todos os lugares e nem
saber todas as coisas, não pode fazer todas as coisas. Este Deus poderia fazer
muitas coisas, mas não uma infinidade de coisas.
2.
Se dissermos que Deus criou o universo,
automaticamente somos obrigados a aceitar a existência de uma estrutura da qual
Ele tenha ‘tirado’ algo para que o universo pudesse existir.
Em outras palavras, o Ato da
Criação, obriga e exige a existência de uma Base, de uma Estrutura da qual o
universo possa vir a existir. Deus não fez algo do nada, pois sabemos que o
nada é apenas um erro baseado em nossa ignorância por não saber o que algo é,
então chamamos o que não sabemos de ‘nada’. Muitos livros sagrados, acredito
que a grande maioria se não todos, possuem o mesmo nível de ignorância e falta
de conhecimento sobre o que seria este nada.
Este ponto da argumentação diz que
Deus depende da estrutura para criar algo, e está estrutura não depende de Deus
para existir.
3.
Se a estrutura não necessita da existência de
Deus, o caminho que sobra é dizer que o mesmo não é necessário.
Porém, nada é tão simples quanto
parece. Temos que analisar dois pontos importantes, principalmente ao
concordarmos que a essa estrutura não tem fim, ou seja é eterna, não importa o
que aconteça:
Ø
Ou a estrutura existe e não necessita de deus ou
Ø
Deus e a Estrutura coexistem em harmonia.
Ao afirmarmos a primeira opção,
temos a confirmação de que o homem Criou Deus a sua imagem e semelhança, o que
pode ser explicado por diversos processos cerebrais que personificam uma imagem
divina ou algo parecido. O que importa aqui é a ideia que ganha valor pessoal.
Porém na segunda opção temos uma
contradição e o que demonstra que a primeira opção é verdadeira.
Segundo os teístas e segundo o
argumento que diz que não é necessário dois seres com poderes idênticos para
criar o universo, é necessário somente um e nada mais.
Porém como vimos a estrutura pode
existir sem a necessidade de Deus e a estrutura assim como deus podem ser
vistos como:
Ø
A Causa primária : Uma Causa primária com ou sem
propósito, não deixa de ser uma Causa primária.
Ø
Ambos seriam eternos.
Ø
Ambos seriam infinitos em poder.
Ø
A estrutura seria infinita em tamanho, Deus não
é infinito em tamanho.
Ø
A estrutura está em todos os lugares, Deus não
pode estar em todos os lugares.
Ø
Ambos possuem o poder para criar o universo.
Ø
Ambos são Atemporais.
Ø
Ambos podem ser o Primeiro motor.
Seguindo a lógica teísta de que é
necessário somente um ser, analisando os pontos acima, somando-os, podemos
observar que a estrutura tem algumas características que são necessárias e Deus
não. Seguindo a Navalha de Occam, da qual a opção que melhor explica duas
situações divergentes, está opção tende a estar certa.
Segundo a questão de necessidade e
a Navalha de Occam, temos que excluir Deus da equação. A Melhor resposta que se
encaixa como Causa Primária e como Primeiro Motor, é a Estrutura. Deus não é
necessário como Causa Primaria.
A questão para os teístas agora é
que se existe um Ser, poderoso o suficiente que tenha um propósito em criar a
vida, já que criar o universo o mesmo não é necessário. Porém, isso nos leva a
questão de quem criou este deus e novamente iriamos concluir que este ser
também é provido desta estrutura.
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