Como está escrito: Amei a Jacó,
mas odiei a Esaú. Romanos 9:13.
Os autores da Bíblia escreveram
como se deus tivesse emoções. E a maior parte dos cristãos pela história
escreveu e se comportaram como se isso fosse verdade. Mas para entender o que
isso significa, você tem que entender o que são as emoções. Isso requer uma
pequena excursão pela história da psicologia e o campo da ciência de estudo do
cérebro.
Então pelos próximos minutos eu
vou seguir esse caminho e enquanto eu faço isso, eu peço para que você pense no
que isso é relevante para o conceito de um deus Cristão que é todo amoroso,
todo poderoso e onisciente.
Depois da idade das trevas, do
dogma do fervor religioso, o iluminismo fez da racionalidade o seu ápice
(Baruch Spinoza, John Locke). Razão associada ao empirismo, demonstradamente
levou a avanços no conhecimento e na tecnologia, que seriam impossíveis quando
o pensamento crítico era suprimido ou desencorajado. Nesse contexto os
estudiosos se convenceram que as emoções eram uma desvantagem, mas no século XX
escolas de cognição e psicologia comportamental argumentam que podemos entender
e curar as necessidades humanas sem prestar atenção em algumas das dimensões
afetivo emocionais da vida. Ironicamente, este tipo de racionalidade
provavelmente foi direcionada em parte por um desgosto visceral por causa das ‘qualidades
femininas’ das emoções, em outras palavras foi direcionada por uma emoção não
reconhecida, uma sútil versão do ‘homem que é homem não chora’. Nós agora
sabemos de se tratar de algo falso.
Cognição sem emoção não nos leva
muito longe. Avarias aos centros emocionais do cérebro pode significar que nem
pessoas inteligentes podem aprender com seus erros e em consequência tomam
decisões sociais e financeiras desastrosas.
Em seu livro, ‘o Erro de
Descartes’, o neurologista Antônio Damásio, descreve um paciente com danos no
centro emocional de seu cérebro, que pode ler e analisar informação quase
incansavelmente sem chegar a uma preferência.
Para uma decisão ser tomada, toda
aquela razão e informação necessidade criar uma prevalência, um sentimento que
prioriza uma opção sobre as outras, e aí direcionará a ação.
Como o psicóloga Marlene Wenallis
coloca, imagine a ir em um banquete de guloseimas e ter que escolher um dos 31
sabores de sorvete por análise racional. Na verdade essa é uma das funções
primárias da emoção. Quando nos são apresentadas escolhas, elas nos guiam para
uma em particular entre muitas opções.
O ponto básico a que eu quero
chegar é que em humanos, emoções não são uma desvantagem ou algo supérfluo como
as asas de um anjo. Elas são processos mentais práticos que servem a um
propósito.
Como o Deus da bíblia é descrito
como tendo emoções, isso nos leva a algumas questões interessantes.
O que exatamente são emoções?
Para que servem?
Como elas funcionam?
Como esses detalhes se relacionam
com a nossa noção de Deus?
Vamos começar com a definição:
Isso é muita coisa, mas me deixe
explicar aos poucos.
‘Evoluído’, significa que as
emoções de nossos antepassados foram submetidas a pressões seletivas e assim
pode-se assumir que aumentam o sucesso reprodutivo.
‘Funcionam’ significa que as
emoções tem uma ou mais funções práticas para sobreviver e prosperar.
‘Processos de Retroalimentação’
significa que as emoções são meios de representar informações sobre o que se
passa internamente e externamente.
‘Sencientes e Móveis’ só tem valor
prático para criaturas que estão atentas e são capazes de se mover ou mudar em
respostas as condições externas.
‘Social’, significa que as emoções
são particularmente valiosas para espécies comunais.
Ainda mais emoções tem um
componente físico, um componente psicológico e um componente comportamental. A
raiva por exemplo, libera as catecolaminas como a adrenalina, as batidas do
coração aceleram e o sangue deixa o sistema digestivo em direção aos membros em
preparação para a ação. Os músculos se tornam tensos. O objeto de ódio começa a
tomar todo o seu foco e pode muito bem acabar se tornando alvo de uma agressão.
Componentes físicos, psicológicos
e comportamentais diferentes juntas constroem cada emoção, e de fato,
pesquisadores as usam para medir e categorizar cada reação emocional.
Então, para que deus tenha uma
emoção, tem-se que esperar que existam componentes físicos, psicológicos e
comportamentais. Guarde isso.
Desde a influência de Charles
Darwin ‘A expressão das emoções em homens e animais’, escritos por volta de
1872, a maioria dos estudiosos propuseram que existe um conjunto comum de
emoções básicas e primordiais. A lista mais simples de emoções primordiais
inclui, desgosto, alegria, tristeza, raiva, medo e surpresa.
Essas são consideradas primárias,
porque elas são encontradas em diversas culturas humanas e aparentam ser universais.
Elas tem expressões faciais distintas, assim como gestos e posturas. Elas
aparecem bem cedo na vida. Elas podem ser encontradas em outras espécies
animais. Elas tem padrões únicos de atividade cerebral.
Se acredita que outras emoções
chamadas de secundárias e terciarias, são formadas pela combinação dessas
emoções primárias. Emoções secundárias e terciárias tipicamente requerem um
maior grau de pensamento e entendimento de uma situação antes que elas sejam
disparadas. Elas podem ser moldadas pela cultura e pela religião, mas os
tijolos fundamentais estão pré-programados.
Para que servem as emoções?
Emoções funcionam como um sistema
MOTIVACIONAL, em um sentido muito real, todas as emoções podem ser imaginadas
como um tipo de prazer e dor. Elas ou são apelativas ou aversivas. Mais uma
vez, pense em como isso se relaciona com o conceito de Deus.
Nós somos motivados a procurar
emoções ou a evita-las. Como Jeremy Bentham disse em seu livro ‘Uma introdução
aos princípios morais’ (http://www2.dbd.puc-rio.br/pergamum/tesesabertas/0410797_06_postextual.pdf)
, publicado em 1789:
‘A natureza colocou a humanidade
sob o governo de dois mestres supremos, dor e prazer. São elas sozinhas que
determinam o que nós devemos fazer, bem como o que nós fazemos. Elas nos
governam em tudo o que fazemos, em tudo o que dizemos e em tudo que pensamos.
Nisso, nós somos como outros seres sencientes. Todas as criaturas que
experimentam prazer e dor são motivadas a procurar um e evitar o outro.’
Uma das ironias é que pessoas
religiosas acusam as pessoas de serem hedonistas. Então eles falam do benefício
da fé tais como o amor, alegria e paz. Quando eles não estão falando dos
benefícios matérias das preces atendidas ou cidades de ouro ou virgem de olhos
negros.
Crentes e descrentes, vão
reconhecer a hipocrisia do evangelho da prosperidade ou do martírio por
virgens. Mas o que eles frequentemente não se dão conta, é que até mesmo os
mais espirituais benefícios da religião são igualmente hediondos.
Nós todos,
do mais desprezível pedófilo ao mais elegante monge, estamos buscando o prazer
e evitando a dor. A única discussão de verdade é sobre o que nos leva até lá. Que tipo de prazeres são preferíveis e os
sentimentos de quem nos importam.
Cientistas do comportamento
afetivo nos dizem que as emoções são um fator chave em três tipos de processos
que ajudam animais, incluindo humanos a sobreviver e prosperar.
1.
Adaptação
Adaptação, significa responder
apropriadamente a mudanças no ambiente a sua volt. Se um tipo de tigre de
dentes de sabre aparece na entrada de sua caverna, a emoção de medo dirige todo
o seu foco para a ameaça, ela prepara seu corpo para a luta. Se um marido
começa a flertar com a vizinha o ciúme pode motivar sua esposa a monitorar ou a
cortar seu contato.
Se um fazendeiro norueguês sente
um floco de neve em sua cara ele pode sentir ansiedade, que lhe faça correr
para cortar mais madeira ou colocar os animais em um abrigo.
2.
Sinais sociais
Etologistas que são especialistas
em comportamento animal, assim como psicólogos sociais, dizem que em espécies
comunais, como os humanos, uma segunda função das emoções é a coordenação
social. Nós sabemos disso porque as emoções se correlacionam de uma forma clara
e consistente, e para os membros de nossa própria espécie, legível, como
posturas corporais e expressões faciais que não parecem servir a nenhum outro
propósito além da comunicação.
Em um lobo, pelos eriçados podem
servir para comunicar irritação ou para estabelecer domínio. Agachar ou abanar
o rabo podem sinalizar submissão. Um animal que não possa ler esses sinais
emocionais sociais provavelmente vai ter poucas chances de acasalar. Entre
humanos, os nossos controles elaborados de produção de comida , abrigo, saúde e
assim por diante, requerem uma dança social igualmente elaborada.
Sem a sinalização emocional, seria
impossível para nós atingirmos o nosso nível de complexidade tecnológica,
econômica e densidade populacional.
O sofrimento de uma criança nos
faz-lhe dar comida ou ajuda-la com um machucado, ou buscar o pai distante. A
esperança de um amigo, nos faz frequentar o seu novo negócio.
3.
Auto Regulação
A auto regulação e a manutenção da
sua própria homeostase e saúde. Alguns estudiosos usam o termo emoções
homeostáticas para descrever estados de cansaço e fome. Do qual proporciona um
feedback nas condições internas de nossos corpos, mas igualmente mantém a
necessidade de nos mantermos em equilíbrio.
Sentindo-se desabrigadas na chuva
de seatle, motiva as minhas galinhas a buscarem abrigo no batente da janela
para preservar o calor do corpo.
Uma insatisfação com seu trabalho
fez um amigo buscar mudanças e planejar uma estratégia de saída. Um sentido de
sufocamento emocional fez outra amiga sair de um relacionamento.
O nosso sistema emocional básico,
evoluiu muito antes dos nossos centros de processamento racionais elevados e os
dois funcionam de maneiras bem diferentes. O processo emocional é mais rápido e
difuso que o processamento racional. Ele ativa muitos sistemas corporais:
músculos, respiração, fluxo sanguíneo, digestão e etc.
Simultaneamente elas criam uma
resposta de todo o organismo e sofrimentos conscientes são só uma parte da
mistura.
A razão é mais sistemática. Ela
nos permite incorporar informações que se as emoções simplesmente perderiam.
Dados numéricos por exemplo. Também a razão é mais flexível que o afeto. Nos
permite ajustarmos as novas experiências e situações. Lembre-se as nossas
emoções foram maldadas pelo nosso ambiente ancestral no principio da história.
E como elas não batem com as situações atuais elas podem nos deixar a deriva.
Então a razão é essencial como um mecanismo de correção. Um sistema de Backup
que corrige e evita erros.
Mas mesmo que as emoções nos
colocam contra os nossos interesses de vez em quando, isso não significa que as
emoções devam ser tiradas da equação. Emoção e razão complementam uma a outra.
Pouca emoção leva a paralisia, em excesso nos afoga. E a emoção em si direciona
o comportamento.
Níveis modeladores da emoção
servem como um papel aconselhador e nos ajuda a destilar a informação na
direção de uma decisão (sendo ela correta ou não).
O campo da ciência afetiva tem
mudado e crescido tão rapidamente que para quem é de fora, fica difícil
acompanhar quais partes do cérebro governam o que. O que é claro em tudo isso,
é que as emoções são afloramentos situacionais que guiam as ações de criaturas
físicas no mundo que nos cerca. Tal qual nossos membros e órgãos internos, as
emoções estão integradas aos nosso corpos. Dando dicas externas, emoções
disparam mudanças na maioria inconscientes em quaisquer sistemas corpóreos que
seja relevantes: Digestão, audição, Tônus muscular, sistema cognitivo, desejo
sexual. Quaisquer um desses podem ser ativados para funcionarem.
O erro de descartes foi que ele
pensou que a mente e corpo eram duas entidades separadas, na verdade, elas são
um todo independente, um sistema completo integrado.
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